AAS por via retal no infarto?

Por vezes o infarto é tão grave que o paciente já chega no atendimento em insuficiência respiratória e/ou rebaixamento do nível de consciência, impossibilitando a mastigação dos comprimidos de AAS. Nesses casos o usual é proceder com a intubação e em seguida passar uma sonda nasogástrica para administrar os comprimidos.

Entretanto, essa prática retarda um pouco a adminsitração do medicamento, já que passar uma sonda gástrica num paciente intubado não é algo tão simples pela falta do reflexo de deglutição com maior risco de inserção da sonda no pulmão, sendo obrigatória a confirmação do posicionamento dela com uma radiografia de tórax.

Nessa celeuma de passar sonda e esperar o raio X pra confirmar, são perdidos preciosos minutos. E daí vem um questionamento: e se administrarmos o AAS por via retal nesses casos? Será absorvido de forma suficiente para ter seu efeito?

No UpToDate, na seção de informação da aspirina, é citada essa possibilidade de adminsitração retal como via alternativa se a via oral estiver indisponível, fazendo uma dose dobrada de 600 mg via retal.

“Rectal (alternative route): 600 mg administered once at the time of diagnosis if an IR oral formulation is unavailable or oral route is not feasible”

E ele cita como referência um estudo de 2009 de Maalouf et al.¹ que comparou a concentração sérica do AAS após adminsitração oral versus retal, com resultado de maior concentração na dose de 600 mg via retal. A conclusão no final do paper é:

“Whether the higher salicylic acid levels and faster absorption of the rectal aspirin translate into better clinical outcomes is unknown and cannot be concluded from our study. Previous evidence, however, has shown that 162 mg of aspirin chewed and swallowed provided lower mortality in patients presenting with myocardial infarction. Our results suggested the rectal administration of a 600-mg suppository provides sufficient levels of salicylic acid within 90 minutes to meet or exceed that of oral aspirin.”

Referências

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